Uma nova alternativa de tratamento para a osteoartrite de joelho: Embolização da Artéria Genicular!

A osteoartrite (também denominada de Artrose) é uma condição crônica, dolorosa e incapacitante que afeta as articulações e entre elas a mais comum é o JOELHO.

Se você sofre com este problema aqui vai encontrar uma alternativa de tratamento moderna, eficiente e segura que se chama: Embolização da Artéria Genicular.

Tratamento para Osteoartrite

A osteoartrite (OA) é uma doença de caráter inflamatório e degenerativo que provoca a destruição da cartilagem articular, podendo levar a quadros dolorosos agudos e crônicos e deformidades das articulações. Sua prevalência varia em torno de 4% a 30%, sendo especialmente incidente na população idosa, apesar dessa doença não ser uma consequência inevitável do avanço da idade. O joelho é a articulação mais afetada pela OA, sendo que sua funcionalidade mostra-se fortemente associado a alterações nas atividades da vida diária e na autonomia das pessoas.

Os riscos de desenvolver OA sintomática do joelho ao longo da vida são estimados em 40% em homens e 47% em mulheres. A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica a OA no joelho como a quarta principal causa de incapacidade em mulheres e a oitava em homens.

O sintoma característico da Osteoartrite de joelho é a dor

O sintoma característico da Osteoartrite de joelho é a dor.
Esse é o sintoma que leva o indivíduo a procurar atendimento médico e contribui para a limitação funcional e redução da qualidade de vida.

Numa radiografia simples do joelho pode se observar o comprometimento da articulação pelo desaparecimento da cartilagem e isso pode ser classificada de acordo com a gravidade.

Dependendo do grau de alteração da articulação há várias opções de tratamento como medidas conservadoras com o uso de gelo, consumo de antiinflamatórios, infiltrações com ácido hialurônico ou corticoides ou a cirurgia para substituição do joelho com uma prótese nos casos mais graves.

Conceito de Embolização da Artéria Genicular como alternativa de tratamento

Há muito anos foi observado que a inflamação na Osteoartrite está vinculada com a formação de novos vasos. Essa “neoformação vascular” aumentada fornece às células inflamatórias acesso à sinóvia e a outros tecidos articulares e promove hiperplasia adicional e inflamação em outros vasos, levando à destruição óssea e cartilaginosa.

Investigadores Japoneses descobriram que esses vasos anómalos podem ser acessados através de cateterismo percutâneo e a sua oclusão (embolização) consegue reduzir a inflamação e, por tanto, aliviar a dor provocada pela osteoartrite.

Assim, o tratamento por Embolização consiste inicialmente na investigação das artérias do joelho mediante um procedimento de cateterismo realizado com anestesia local. Este procedimento se chama Angiografia e utiliza um equipamento de Raios X e substância de contraste para visualizar as artérias anômalas que podem ser ocluídas com a injeção de pequenas partículas.

Então, no procedimento de Embolização da Artéria Genicular apenas são ocluídos os ramos anormais que intervém no processo inflamatório preservando toda a vascularização normal do joelho e da perna.

No exemplo acima podemos observar o seguinte: A) essa imagem é uma ressonância magnética do joelho onde se observa área de inflamação da sinóvia no lado medial (seta branca); B) Na angiografia por cateterismo seletivo se observam os vasos anormais (seta preta); C) Depois da embolização a angiografia mostra o desaparecimento dos vasos anormais com preservação dos vasos normais. MC= Côndilo Medial; LC= Côndilo Lateral. Cardiovasc Intervent Radiol (2015) 38:336–343.

Embolution - Osteoartrite

Embolution - Osteoartrite

Assim que o procedimento de embolização é concluído, o cateter é retirado sob compressão manual para hemostasia do acesso vascular.
Não é necessário dar pontos!
Imediatamente se realiza um curativo no local da virilha. O paciente permanece em observação durante 6 a 8hs e posteriormente recebe alta com todas as orientações.

Resultados da Embolização: Evidência Científica.

Desde o primeiro artigo científico sobre embolização da Artéria genicular em 2015 até a atualidade mais de 60 artigos científicos apenas na língua inglesa já foram publicados demonstrando que o procedimento é eficiente e seguro como alternativa de tratamento da osteoartrite de joelho sintomática.

Okuno e col. publicaram em 2017 os resultados da embolização da artéria genicular em 75 pacientes (95 joelhos) demostrando uma significativa melhoria na sintomatologia e na funcionalidade no acompanhamento de 2 anos.
Lee e col. publicaram em 2019 uma serie de 41 pacientes com 71 joelhos onde se observou uma melhora significativa da dor verificado por escala visual durante o período de acompanhamento de 6 meses.
Resultados similares foram obtidos por Bagla e col. numa séria de 20 pacientes publicada em 2020.
No mesmo ano, Landers e col. publicaram uma série de 10 pacientes com resultados significativos em 60% durante o 1 ano de acompanhamento.
Em 2021, Little e col. publicaram o resultado preliminar do estudo Genesis que agrupa 38 pacientes com melhora significativa da dor e funcionalidade durante o 1 anos de seguimento.
Em 2022, Bagla e col. publicaram um estudo multicêntrico randomizado comparando a EAG vs o procedimento SHAM (simulação / placebo). Nenhum paciente submetido ao procedimento SHAM teve qualquer melhora e após um mês todos eles foram submetidos ao procedimento verdadeiro. Foi observada uma melhora significativa da dor e da funcionalidade em todos os pacientes submetidos ao procedimento de EAG.
Em 2023, Bhatia e col. publicaram uma série de 8 pacientes (11 joelhos) com acompanhamento médio de 796 dias demonstrando que a melhora da dor observada após três meses do procedimento se manteve durante o período de dois anos.
Em 2023, Epelboym e col. publicaram uma revisão sistemática e metanálise incluindo o resultado de 351 joelhos tratados que mostrou uma redução global da dor de 40% um mês após o tratamento que se manteve durante o período de 6 meses.

O Nosso protocolo de EAG

Quem pode fazer o procedimento:

  • Pacientes com Dor moderada a grave no joelho (escala visual analógica (EVA) > 50 mm.
  • Pacientes com Dor refratária a terapias conservadoras (anti-inflamatórios, fisioterapia, fortalecimento muscular ou injeções intra-articulares) por pelo menos 3 meses.
  • Pacientes com alteração à radiografia de Joelho grau 2 ou 3 (Kellgren-Lawrence15).
  • Pacientes cuja ressonância magnética de joelho mostra sinovite ativa (espessamento sinovial e / ou realce na ressonância magnética usando imagens sagital ponderadas em T2 pré-gadolínio / densidade de prótons e imagem ponderada em T1 pós-gadolínio, respectivamente).
  • Pacientes que não é elegível ou recusa a artroplastia cirúrgica.

Quem não pode fazer o procedimento:

  • Pacientes que foram submetidos a cirurgia de grande porte nas últimas seis semanas (excluindo intervenções artroscópicas / meniscais).
  • Pacientes que forma submetidos a injeção intra-articular do joelho ipsilateral nos últimos 3 meses.
  • Pacientes Grávidas.
  • Pacientes com alguma Infecção em curso.
  • Pacientes com aterosclerose avançada conhecida que possa dificultar o cateterismo.
  • Pacientes com artropatias reumatóides ou seronegativas.
  • Pacientes com artrite infecciosa.
  • Pacientes com cirurgia prévia no joelho (excluindo intervenções artroscópicas / meniscais).
  • Pacientes com alteração da coagulação que não pode ser corrigida (relativo).
  • Pacientes com alergia ao contraste iodado resultando em anafilaxia,
  • Pacientes com peso acima de 150kg devido aos limites da mesa de procedimentos.
  • Pacientes com alteração da função renal, definida como taxa de filtração glomerular <30 mL / min / 1,73 m2, obtida nos últimos 30 dias.
  • Pacientes com certos transtornos psiquiátricos, como esquizofrenia, transtorno de personalidade borderline, depressão descontrolada ou comprometimento mental / cognitivo que limita a capacidade do indivíduo de entender a terapia proposta.
  • Ausência de sinovite na ressonância magnética.

Avaliação Médica

A avaliação médica na nossa clínica tem por objetivo verificar os antecedentes clínicos gerais do paciente e particularmente aqueles relacionados com o problema em curso.

Durante a primeira entrevista verificamos se o paciente tem diabetes, hipertensão arterial, alergias, problemas cardíacos, renais, neurológicos ou de outra índole.

Verificamos os antecedentes relacionados com a dor, inchaço ou rigidez no joelho bem como todos os tratamentos já realizados como consumo de analgésicos e/ou infiltrações.

Caso o paciente ainda não tiver realizado solicitamos sempre alguns exames complementares como laboratório, Rx e Ressonância Magnética de ambos os Joelhos.
Também pedimos para o paciente responder alguns questionários que são muito úteis não apenas para determinar o grau de comprometimento da articulação, mas também para comparar a resposta ao tratamento.

Esses questionários são uma escala visual de dor e os questionários denominados WOMAC e KOOS. Também realizamos o chamado Teste da Cadeira de 30 segundos para avaliar a capacidade funcional dos membros inferiores.

Dessa forma conseguimos definir a elegibilidade dos pacientes para serem submetidos ao procedimento de Embolização da Artéria Genicular.

Avaliação Medica

Avaliação Medica

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